Tempos atrás, eu era vizinho de um médico, cujo hobby era plantar
árvores no enorme quintal de sua casa.
Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar
árvores e mais árvores, todos os dias.
O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele
jamais regava as mudas que plantava.
Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam
demorando muito para crescer.
Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele
não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca
as regava.
Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica
teoria.
Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na
superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima.
Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer,
mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias
fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo.
Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam
mais resistentes às intempéries.
Disse-me ainda, que freqüentemente dava uma palmadinha nas suas
árvores, com um jornal enrolado, e que fazia isso para que se mantivessem
sempre acordadas e atentas.
Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.
Logo depois, fui morar em outra cidade, e nunca mais o encontrei.
Vários anos depois, ao retornar de onde vivia, fui dar uma olhada
na minha antiga residência.
Ao aproximar-me, notei um bosque que não havia antes.
Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho!
O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e
gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem
resistindo ao rigor do inverno.
Entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como
estavam sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo
implacavelmente àquela ventania toda.
(José Emílio Menegatti)
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Assim como as árvores do jardim do médico da história acima,
sejamos também nós. É preciso que deixemos crescer em nosso ser, as raízes que
nos manterão firmes na caminhada da vida. A acomodação, a preguiça e o
desanimo, nos fazem sempre querer buscar da água mais fácil, porém, é preciso
que saibamos procurar com mais profundidade a água mais difícil, àquela que nos
garantirá mais força e sustentação aos nossos desequilíbrios, nas tempestades
que enfrentamos. Só assim conseguiremos ser bosques. E que, como essas árvores, sejam também
nossas amizades.
"Diz
uma lenda chinesa que amizades verdadeiras são como árvores de raízes
profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar." Sucesso!
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