domingo, 29 de julho de 2012

Criando raízes

Tempos atrás, eu era vizinho de um médico, cujo hobby era plantar árvores no enorme quintal de sua casa.
Às vezes, observava da minha janela o seu esforço para plantar árvores e mais árvores, todos os dias.

O que mais chamava a atenção, entretanto, era o fato de que ele jamais regava as mudas que plantava.

Passei a notar, depois de algum tempo, que suas árvores estavam demorando muito para crescer.

Certo dia, resolvi então aproximar-me do médico e perguntei se ele não tinha receio de que as árvores não crescessem, pois percebia que ele nunca as regava.

Foi quando, com um ar orgulhoso, ele me descreveu sua fantástica teoria.

Disse-me que, se regasse suas plantas, as raízes se acomodariam na superfície e ficariam sempre esperando pela água mais fácil, vinda de cima.

Como ele não as regava, as árvores demorariam mais para crescer, mas suas raízes tenderiam a migrar para o fundo, em busca da água e das várias fontes nutrientes encontradas nas camadas mais inferiores do solo.

Assim, segundo ele, as árvores teriam raízes profundas e seriam mais resistentes às intempéries.

Disse-me ainda, que freqüentemente dava uma palmadinha nas suas árvores, com um jornal enrolado, e que fazia isso para que se mantivessem sempre acordadas e atentas.

Essa foi a única conversa que tive com aquele meu vizinho.

Logo depois, fui morar em outra cidade, e nunca mais o encontrei.

Vários anos depois, ao retornar de onde vivia, fui dar uma olhada na minha antiga residência.

Ao aproximar-me, notei um bosque que não havia antes.

Meu antigo vizinho havia realizado seu sonho!

O curioso é que aquele era um dia de um vento muito forte e gelado, em que as árvores da rua estavam arqueadas, como se não estivessem resistindo ao rigor do inverno.

Entretanto, ao aproximar-me do quintal do médico, notei como estavam sólidas as suas árvores: praticamente não se moviam, resistindo implacavelmente àquela ventania toda.

(José Emílio Menegatti)

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Assim como as árvores do jardim do médico da história acima, sejamos também nós. É preciso que deixemos crescer em nosso ser, as raízes que nos manterão firmes na caminhada da vida. A acomodação, a preguiça e o desanimo, nos fazem sempre querer buscar da água mais fácil, porém, é preciso que saibamos procurar com mais profundidade a água mais difícil, àquela que nos garantirá mais força e sustentação aos nossos desequilíbrios, nas tempestades que enfrentamos. Só assim conseguiremos ser bosques.  E que, como essas árvores, sejam também nossas amizades.
"Diz uma lenda chinesa que amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas: nenhuma tempestade consegue arrancar."

Sucesso!

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